A ausência total de espermatozoides no sêmen ejaculado é o que define a azoospermia. Essa condição incomum pode ser causada por obstruções que impedem o transporte dos gametas masculinos para o líquido seminal (azoospermia obstrutiva) ou quando há interrupção e diminuição da produção (azoospermia não obstrutiva).
Ainda que seja um dos principais fatores de infertilidade masculina, por ser assintomática, na maioria dos casos a azoospermia geralmente é descoberta apenas diante da tentativa frustrada de engravidar a parceira.
Este texto aborda a azoospermia. Explica o que provoca cada tipo, os sintomas que indicam a necessidade de procurar auxílio médico, diagnóstico e tratamento.
Veja alguns sintomas característicos de infertilidade masculina que podem alertar para a possibilidade de azoospermia, indicando a necessidade de procurar auxílio médico:
É importante ficar atento à manifestação de qualquer sintoma. Eles podem ocorrer isoladamente ou em associação.
A azoospermia obstrutiva é também chamada pós-testicular. Cistos, tumores, inflamações que ocorrem no epidídimo (epididimite) ou nos testículos (orquite), por exemplo, podem causar os bloqueios que dificultam o transporte dos espermatozoides para o líquido seminal. A causa mais comum de azoospermia obstrutiva é a vasectomia.
As inflamações tendem a resultar em aderências, provocando a obstrução, e frequentemente são consequência de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) pregressas, como gonorreia e clamídia.
Subdividida em pré-testicular e testicular, na azoospermia não obstrutiva diferentes causas provocam a diminuição da produção dos espermatozoides em cada subtipo.
Na azoospermia pré-testicular, embora os testículos sejam normais, eles não produzem espermatozoides. O problema é motivado por desequilíbrios nos níveis dos hormônios sexuais masculinos, que podem ocorrer como consequência de distúrbios na hipófise e no hipotálamo ou de doenças genéticas.
Na azoospermia testicular, ao contrário, são defeitos na estrutura e no funcionamento dos testículos que provocam alterações na produção dos gametas. Eles geralmente resultam de doenças como a caxumba, diabetes, cirrose hepática e insuficiência renal, de lesões ou tumores nos testículos, de condições como a varicocele e de tratamentos para o câncer, além das causas genéticas.
Para diagnosticar a azoospermia, são realizados exames laboratoriais e de imagem:
Teste hormonal: analisa os níveis de hormônios sexuais masculinos e dos hormônios comunicadores com estruturas cerebrais como hipotálamo e hipófise;
Exames sorológicos: possibilitam a detecção de bactérias sexualmente transmissíveis que podem provocar inflamações;
Espermograma: permite a detecção da ausência de espermatozoides no sêmen, além da análise do volume, presença de leucócitos em quantidade aumentada e determinação do pH (parâmetros que pode ajudar a definir a causa da azoospermia);
Os exames de imagem, por outro lado, são realizados com o propósito de detectar os bloqueios que impedem o transporte dos espermatozoides. Geralmente são indicadas a ultrassonografia dos testículos com Doppler e eventualmente a ressonância magnética (RM).
A partir dos resultados diagnósticos é possível identificar o tipo de azoospermia e o tratamento mais indicado para cada caso.
O tratamento de azoospermia é realizado pela administração de medicamentos, por cirurgia ou FIV (fertilização in vitro) com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides):
Medicamentos hormonais são administrados para reequilibrar os níveis dos hormônios sexuais masculinos. Se a causa for infecciosa, é prescrito antibiótico, indicado de acordo com cada tipo de bactéria. Em caso de ISTs, o médico indica o tratamento da parceira, uma vez que pode haver recontaminação.
A cirurgia é indicada para a remoção de aderências, cistos ou tumores que podem provocar a obstrução, para reconstruir e reconectar os ductos, nos casos em que eles são danificados.
Na maior parte do casos, a produção de espermatozoides não pode ser normalizada, então a indicação passa a ser o tratamento por FIV com ICSI, que possibilita a recuperação de espermatozoides do epidídimo ou dos testículos, utilizando-se diferentes abordagens cirúrgicas.
A coleta dos espermatozoides do epidídimo pode ser realizada pela técnica de PESA, percutaneous epididymal sperm aspiration ou aspiração percutânea de espermatozoides do epidídimo, em que se utiliza uma agulha fina conectada a uma seringa para coletar os espermatozoides. Trata-se de procedimento mais simples, sendo realizado com o uso de anestesia local ou sedação.
Nos testículos, os gametas masculinos são recuperados pelas técnicas TESE e Micro-TESE.
TESE, testicular sperm extraction ou extração de espermatozoides dos testículos, prevê a coleta de espermatozoides por biópsia aberta, em ambiente hospitalar, preferencialmente com anestesia geral com sedação. Uma incisão na bolsa testicular expõe os testículos e extrai os túbulos seminíferos que podem conter espermatozoides. O procedimento pode ser repetido em diferentes locais e em ambos os testículos, até que uma quantidade suficiente de espermatozoides seja coletada para a FIV com ICSI.
Micro-TESE, microdissection testicular sperm extraction ou extração de espermatozoides por microdissecção testicular, se diferencia da TESE por ser realizada com o auxílio de um microscópio, que permite melhor avaliação dos túbulos seminíferos.
Nos tratamentos de FIV com ICSI, após a coleta, óvulos e espermatozoides são fecundados em laboratório. Os espermatozoides são avaliados individualmente com o auxílio de um microscópio de alta potência e resolução. Depois da análise, são injetados diretamente no citoplasma do óvulo por um aparelho de alta precisão denominado micromanipulador de gametas.
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