A super-ICSI é uma técnica que pode ser realizada no contexto da FIV (fertilização in vitro) com o intuito de aumentar as chances de gravidez em casos específicos. Surgiu a partir da incorporação do MSOME (Motile Sperm Organelle Morphology Examination), exame de morfologia de espermatozoides móveis, que utiliza métodos de microscopia de resolução mais alta para avaliar os espermatozoides.
Mais sofisticado do que o tratamento clássico, o método, oficialmente denominado IMSI (Intracytoplasmic Morphologically Selected sperm Injection) ou injeção intracitoplasmática de espermatozoides morfologicamente selecionados se tornou mais conhecido como super-ICSI.
Este texto explica o funcionamento do tratamento por super-ICSI, destacando os casos em que ele é indicado.
Por ter uma capacidade de ampliação mais baixa, o microscópico utilizado pela FIV com ICSI pode limitar a observação de alguns defeitos morfológicos mais sutis, não sendo, inclusive, esse o objetivo da ICSI.
A super-ICSI, por outro lado, utiliza a microscopia de interferência diferencial ou microscópio de Nomarski, que proporciona uma ampliação de pelo menos 6.000 vezes. Assim, possibilita uma análise mais precisa dos espermatozoides em tempo real, em movimento.
A técnica revelou, inclusive, um novo componente no interior dos espermatozoides: a presença de vacúolos nucleares, pequenos espaços entre o citoplasma que comprometem a integridade do DNA. Quando estão presentes na cabeça, dificultam a fecundação, da mesma forma que podem levar a falhas repetidas na implantação do embrião e, consequentemente, à falta de sucesso no tratamento.
O tratamento por FIV com super-ICSI prevê as mesmas etapas da FIV com ICSI: estimulação ovariana e indução da ovulação, punção folicular e coleta dos espermatozoides, fecundação, cultivo embrionário e transferência do embrião.
A estimulação ovariana tem como objetivo estimular o desenvolvimento de mais folículos. É realizada com medicamentos hormonais. Exames de ultrassonografia acompanham o desenvolvimento dos folículos, possibilitando a indicação do momento ideal para serem induzidos à maturação final.
A maturação ocorre em aproximadamente 35 horas, quando é feita a punção folicular para a coleta dos folículos maduros. Esses folículos são encaminhados ao laboratório, onde são retirados os óvulos dos folículos.
Durante a punção dos folículos, o sêmen é coletado por masturbação em laboratório – o homem recebe todas as orientações para que não haja contaminação da amostra – e posteriormente os espermatozoides com melhor motilidade e morfologia são separados do líquido seminal.
Em homens com azoospermia, condição em que não há espermatozoides presentes no sêmen ejaculado, eles podem ser coletados dos epidídimos ou testículos. As técnicas são PESA, TESE e Micro-TESE.
Após a seleção dos melhores gametas, a fecundação ocorre em laboratório. Na FIV com super-ICSI, cada espermatozoide é individualmente avaliado pelo microscópio de Nomarski. Os espermatozoides morfologicamente adequados são injetados diretamente no citoplasma do óvulo como na ICSI.
A sequência do tratamento da super-ICSI ocorre da mesma forma que na ICSI. Os embriões formados são cultivados em laboratório e transferidos para o útero. O estágio dos embriões para transferência, assim como a quantidade, é determinado de acordo com as características do casal, portanto o estudo é individualizado.
Embora a super-ICSI sugira uma melhora na seleção de espermatozoides, não existem estudos que determinam que sua aplicação aumente as taxas de sucesso. Essa técnica alternativa é pouco utilizada e ainda são necessários mais estudos para comprovar sua real eficácia. Alguns estudos sugerem indicações em alguns casos específicos:
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