A endometriose é uma doença relativamente comum em mulheres em idade fértil, ligada a alguns sérios desconfortos que podem comprometer a sua qualidade de vida. Felizmente, existem opções de tratamento para a patologia, que podem variar de acordo com alguns aspectos, como a idade da paciente, a presença de dor pélvica ou mesmo fatores relacionados à infertilidade.
Escolher a melhor abordagem terapêutica pode não ser uma tarefa fácil. Em todo caso, no entanto, o principal objetivo é recuperar a qualidade de vida da mulher, quando esta tem seu dia a dia prejudicado pelos desconfortos associados à doença.
O objetivo deste artigo é esclarecer quais são os possíveis tratamentos indicados para mulheres com endometriose e, para isso, o texto apresenta a definição da doença, suas diferentes classificações e seus principais sintomas. Acompanhe o artigo e descubra de que maneira você pode recuperar a sua qualidade de vida e até a sua capacidade reprodutiva.
A endometriose é uma doença que se caracteriza pelo surgimento e desenvolvimento de tecido endometrial em regiões fora da cavidade uterina. Esse tecido deveria estar presente somente na porção interna do útero, para se preparar mensalmente para a implantação do embrião. Os focos da doença, ou seja, os focos chamados ectópicos permanecem implantados e são influenciados por hormônios e suas variações ao longo de um ciclo menstrual.
Em mulheres com a doença, esse tecido pode ser encontrado, de maneira crônica, na superfície de órgãos como os ovários, a bexiga e o intestino.
As causas da endometriose ainda não estão definitivamente claras para a ciência. A teoria mais aceita defende a ideia de que a doença aconteça devido a um refluxo da menstruação, mas outras versões apontam como causa ou influência alterações no sistema imunológico, a genética e até uma transformação de outras células em tecido endometrial.
No entanto, sabe-se que os focos da doença crescem e se desenvolvem pela ação do hormônio estrogênio, que ao estimular o espessamento do endométrio durante o ciclo menstrual, induz, também, o desenvolvimento do tecido fora da cavidade uterina.
A doença pode ser classificada em quatro estágios, de acordo com seu grau de evolução e aspectos morfológicos. No nível mínimo e leve (primeiro e segundo graus), há focos pequenos, apenas no peritônio, membrana que reveste as paredes da cavidade abdominal, ou ainda na superfície de alguns órgãos.
No terceiro grau, existem cistos em um ou em ambos os ovários, além de aderências e muitas vezes o quadro que está ligado à infertilidade associada à endometriose.
E, no quarto grau, o mais grave, a endometriose apresenta diversos focos e afeta múltiplos órgãos.
O principal sintoma da endometriose são as dores pélvicas crônicas, mas a mulher também pode sentir desconfortos abdominais, dispareunia (dor durante as relações sexuais), cólicas intensas antes ou durante a menstruação e até ao urinar ou evacuar, além de sangramento na urina ou fezes, dependendo da localização dos focos da enfermidade.
As dores podem variar de intensidade e piorar se a doença evoluir, o que pode prejudicar a qualidade de vida da mulher e impedir a realização de atividades cotidianas.
O segundo principal sinal da endometriose é a infertilidade, que pode ocorrer devido ao processo inflamatório crônico decorrente da doença que influenciará negativamente a ovulação, a migração dos espermatozoides pelo útero e tubas, a própria fecundação e posteriormente a nidação (o grudar do embrião no útero).
Quando existem endometriomas nos ovários, a qualidade da ovulação e a reserva de óvulos são ainda mais prejudicadas. Além disso, o processo inflamatório por si só pode levar à inflamação das estruturas vizinhas aos focos, levando a distorções anatômicas e formações de aderências – tal influência negativa fica mais evidente nas tubas uterinas, podendo levar até as suas obstruções, impossibilitando por completo a gravidez natural.
A endometriose pode evoluir e, em casos graves, exigir tratamento, cujo principal objetivo é eliminar as dores e, se a mulher tiver planos para ter filhos, recuperar sua fertilidade. A terapia ideal depende de cada caso e, principalmente, da gravidade e das localidades dos focos da enfermidade, por isso, é preciso diagnosticar o problema e seu grau de evolução.
Para isso, além de analisar os sintomas, o ginecologista pode solicitar exames de imagem específicos, em especial, a ultrassonografia transvaginal pélvica. No entanto, também é possível estudar a doença por meio da ressonância magnética e da laparoscopia, geralmente indicados nos casos mais avançados.
De acordo com o resultado, o profissional pode escolher apenas acompanhar a evolução da endometriose, já que nem toda lesão apresenta progressão.
Se novos focos endometrióticos surgirem, no entanto, é preciso avaliar uma solução para conter a evolução do problema. Uma primeira via de tratamento para o controle da dor é a administração de medicamentos hormonais, o que reduz a produção hormonal dos ovários e, assim, suprime o desenvolvimento do quadro.
No entanto, como as substâncias são anticoncepcionais, este não é um caminho viável para pacientes que planejam ter filhos.
Nesses casos, na presença de endometriomas maiores, em caso de endometriose profunda, se não houver melhora com tratamento farmacológico ou após insucesso na reprodução assistida, pode-se optar pela laparoscopia.
A cirurgia minimamente invasiva consiste na retirada dos focos da doença e na destruição de suas aderências, o que pode recuperar a função e a anatomia dos órgãos afetados, além de eliminar as dores provocadas pela endometriose.
Há dados científicos que sugerem uma taxa de gravidez natural em torno de 40% após procedimento laparoscópico para tratar endometriose, porém isso não atinge 30% nas endometrioses moderadas ou severas. Parte dessas pacientes necessitará então de métodos de reprodução assistida.
Os métodos de reprodução assistida são alternativas para serem utilizadas antes ou após a cirurgia, a depender do caso. Especialmente nos casos de endometriose menos avançadas, IA (inseminação artificial) pode oferecer a solução, mas a FIV (fertilização in vitro) é mais indicada se as trompas de Falópio forem afetadas pela endometriose, após falhas na IA, se houver influência de algum fator masculino de infertilidade ou nos casos mais avançados, podendo esta ser a opção direta.
Nenhuma das opções de tratamento, no entanto, prometem a cura da endometriose, pois a doença pode reincidir. A histerectomia (cirurgia de retirada do útero) é a opção que mais se aproxima da solução definitiva, mas, ainda assim, existe a possibilidade de continuidade do desenvolvimento dos focos endometrióticos, além de não ser uma opção viável para mulheres que planejam ter filhos.
A endometriose é uma doença comum em mulheres, que pode causar dores e infertilidade e, por isso, deve ser acompanhada por um ginecologista. Em casos avançados, o profissional deverá recomendar uma abordagem terapêutica cujo principal objetivo é recuperar a qualidade de vida da mulher, já que não existe uma cura definitiva para a enfermidade.
A solução pode ser encontrada no uso de medicamentos hormonais, na laparoscopia e na histerectomia, além dos métodos de reprodução assistida, para pacientes que desejam engravidar.
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