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Endometriose: conheça os sintomas

O útero é um dos principais órgãos do aparelho reprodutor feminino. Nele ocorre desde a menstruação, à implantação do embrião e desenvolvimento da gestação.

É formado por três camadas de tecidos: perimétrio, miométrio e endométrio. Perimétrio é a camada externa, formada por tecido conjuntivo, miométrio é a intermediária, formada por musculatura lisa, que possibilita as contrações no momento do parto e, o endométrio, camada interna, é formada por tecido epitelial altamente vascularizado.

Na endometriose, um tecido semelhante ao endométrio cresce fora da cavidade uterina (tecido ectópico). O crescimento anormal pode provocar a manifestação de diferentes sintomas.

Para conhecer os sintomas de endometriose, continue a leitura deste texto. Ele aborda, ao mesmo tempo, qual a consequência deles para as mulheres portadoras da doença, as formas de diagnosticá-la e tratá-la.

O que é endometriose?

O endométrio reveste internamente toda a cavidade uterina e a cada ciclo menstrual, estimulado pela ação do estrogênio, se torna mais espesso para receber o embrião.

É no endométrio que o embrião se implanta: ele é responsável por abrigá-lo e nutri-lo até a formação da placenta, que assume, posteriormente, essa função. Quando a fecundação não ocorre ele descama provocando a menstruação e o início de um novo ciclo menstrual.

Na endometriose o tecido ectópico se desenvolve em regiões próximas ao útero, mais comumente ovários, colo uterino, ligamentos que sustentam o útero e no espaço entre a vagina e o reto. Porém, também pode crescer nas tubas uterinas, na vagina, no trato urinário (ureteres e bexiga) e no trato intestinal (na superfície do intestino grosso ou delgado).

Com a progressão da doença, ocorre um processo inflamatório, que resulta na manifestação de diferentes sintomas de acordo com o local de crescimento. Além disso, a endometriose também pode provocar alterações na fertilidade feminina durante a fase reprodutiva.

É, inclusive, considerada uma das principais causas de infertilidade. Para se ter uma ideia entre 10% e 15% das mulheres podem ter endometriose durante esse período e mais de 70% delas têm problemas de fertilidade.

O motivo desse crescimento ainda é desconhecido. A teoria mais aceita para explicá-lo sugere que os fragmentos do tecido liberados durante a menstruação retornam pelas tubas uterinas e implantam em outros locais, processo chamado menstruação retrógada.

A possibilidade de a doença ser hereditária também tem sido avaliada por diferentes estudos, pois é bastante comum o registro dela em parentes de primeiro grau das mulheres portadoras.

A endometriose pode causar infertilidade nos diferentes estágios de desenvolvimento, dos iniciais, aos mais avançados.

No início, por exemplo, pode comprometer o ambiente folicular, causando dificuldades para o desenvolvimento do folículo, ou mesmo a qualidade do óvulo e a receptividade do endométrio. Enquanto em estágios mais avançados pode resultar na formação de aderências, que provocam obstruções nas tubas uterinas inibindo a fecundação e, nos ovários, a liberação do óvulo.

Conheça os principais sintomas de endometriose

A cada ciclo menstrual o tecido endometrial ectópico também é estimulado pela ação do estrogênio. Por isso a doença está entre as classificadas como estrogênio-dependente.

O hormônio, ao mesmo tempo que estimula o crescimento do tecido ectópico, também pode sangrar e inflamar a região, levando a severas cólicas durante o período: a dor tende a variar em intensidade e é mais severa antes e durante a menstruação.

Além disso, as mulheres podem sentir dor durante as relações sexuais (dispareunia), principalmente quando o tecido ectópico se infiltra mais profundamente na vagina ou nos ligamentos que sustentam o útero.

Quando afeta o trato urinário, por outro lado, leva à manifestação de sintomas, no período menstrual, como a vontade frequente e urgente de micção, a presença de sangue na urina, ou a dificuldade para urinar, na maioria das vezes acompanhada de dor.

Enquanto no trato intestinal, provoca normalmente distensão abdominal e mudanças cíclicas no hábito intestinal, como constipação.

Os sintomas podem manifestar de forma mais severa em algumas mulheres, da mesma forma que a endometriose pode ser assintomática nos estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce.

No entanto, a severidade não está relacionada à quantidade de tecido ectópico: algumas mulheres com um grande volume podem não apresentar sintomas, enquanto outras, com pequenos, podem ter dores incapacitantes.

Os sintomas impactam diretamente a qualidade de vida das mulheres portadoras. A severidade da dor, por exemplo, que pode ser incapacitante, resulta muitas vezes em afastamento social, ao mesmo que interfere nas relações pessoais.

A maioria das mulheres com endometriose desenvolve transtornos emocionais como ansiedade e depressão. Os impactos da doença são tão expressivos, que diversas campanhas foram criadas em torno do tema pelas principais associações mundiais de saúde com o propósito de alertar as mulheres sobre a doença e orientá-las a respeito do tratamento: ao mesmo tempo que alivia os sintomas, aumenta as chances de obter uma gravidez.

Como a endometriose é diagnosticada e tratada?

A endometriose é confirmada por dois exames de imagem, a ultrassonografia transvaginal, realizada principalmente para a detecção de endometriomas ovarianos ou aderências nos ovários e a ressonância magnética (RM), que avalia mais detalhadamente todos os órgãos da região pélvica, indicando a localização e profundidade do tecido ectópico.

Os resultados diagnósticos, orientam para a abordagem terapêutica mais indicada para cada paciente.

O tratamento tem como objetivo aliviar os sintomas e proporcionar a gravidez se esse for o desejo da mulher.

Quando não há a intenção de engravidar, para controlar os sintomas geralmente são prescritos anti-inflamatórios associados a medicamentos hormonais de uso oral, injetável, por DIU ou anel.

Nos casos em que os sintomas são mais severos, ou se houver infertilidade como consequência da doença, a indicação passa a ser a remoção do tecido ectópico. Se a gravidez não ocorrer após a laparoscopia, ainda pode ser obtida pelas técnicas de reprodução assistida. Existem situações em que se opta por esse caminho diretamente, nem passando por cirurgia.

As três principais técnicas de reprodução assistida possibilitam o tratamento de endometriose. A relação sexual programada (RSP) ou coito programado e inseminação artificial (IA) ou intrauterina (IIU) são indicadas quando a doença ainda está nos estágios iniciais.

Porém, são mais adequadas para mulheres com até 35 anos e as tubas uterinas sem nenhum tipo de problema, pois a fecundação ocorre como em um processo natural.

Já a fertilização in vitro, como a fecundação ocorre em laboratório, é a técnica mais adequada quando há obstruções nas tubas provocadas por aderências resultantes do tecido ectópico e para mulheres acima dos 36 anos, que possuem níveis mais baixos de reserva ovariana.

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