A infertilidade é um problema bastante comum e afeta milhares de mulheres no mundo todo. Pode ser provocada por diferentes condições que alteram o funcionamento normal do sistema reprodutor feminino, entre elas as patologias dependentes de estrogênio como miomas uterinos e endometriose.
A endometriose, inclusive, é considerada uma das causas mais comuns de infertilidade feminina. Para se ter uma ideia cerca de 15% das mulheres desenvolvem a doença durante a fase reprodutiva e até 50% delas são inférteis.
Além de alterações na fertilidade, com a progressão da doença surgem sintomas que impactam diretamente a qualidade de vida das mulheres portadoras.
Por outro lado, os sintomas podem ser controlados, da mesma forma que é possível obter a gravidez com o tratamento adequado. Entre as alternativas está a fertilização in vitro (FIV), considerada a principal técnica de reprodução assistida e a que possui os índices mais expressivos de sucesso.
Para saber mais sobre endometriose e como o tratamento é realizado com a utilização da FIV, continue a leitura deste texto.
A endometriose tem como característica o crescimento de um tecido anormal (ectópico) semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina. É uma doença crônica e inflamatória, mais comum durante o período reprodutivo.
Endométrio é o tecido que reveste internamente o útero, responsável por abrigar o embrião até que a placenta seja formada. Para isso, a cada ciclo menstrual, se torna mais espesso estimulado pela ação do estrogênio. Quando a fecundação não ocorre, descama provocando a menstruação.
O tecido anormal se desenvolve em regiões próximas ao útero, mais comumente ovários, colo uterino, ligamentos que sustentam o útero e no espaço entre a vagina e o reto. Além disso, pode crescer nas tubas uterinas, na vagina, no trato urinário (ureteres e bexiga) e no trato intestinal.
O crescimento do tecido anormal também é estimulado pela ação do estrogênio, por isso a doença está entre as classificadas como estrogênio-dependente.
Motivado pela ação do hormônio, à medida que desenvolve, provoca um processo inflamatório e a manifestação de sintomas de acordo com o local de crescimento, como cólicas severas antes e durante o período menstrual, dor abdominal, inchaço, dor durante a relação sexual, alterações urinárias e intestinais principalmente no período da menstruação.
Os sintomas, entretanto, na maioria dos casos manifestam em estágios mais graves. Já a fertilidade pode ser impactada desde os estágios iniciais aos mais graves.
No entanto, apesar de ser uma doença crônica, a endometriose tem tratamento na maioria dos casos. A definição da abordagem mais indicada para cada paciente, considera alguns critérios, como a vontade de engravidar no momento e a severidade dos sintomas: o tratamento pode ser farmacológico, cirúrgico ou pelas técnicas de reprodução assistida, de acordo com cada caso.
A fertilização in vitro (FIV), é a técnica de reprodução assistida mais complexa. Prevê a fecundação de óvulos e espermatozoides em laboratório (in vitro), aumentando, dessa forma, as chances de o processo acontecer.
A FIV é realizada em diferentes etapas. Para que a fecundação ocorra, por exemplo, óvulos e espermatozoides precisam ser coletados.
Assim, a primeira etapa é a estimulação ovariana e indução da ovulação, realizada com medicamentos hormonais para estimular o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos, obtendo mais óvulos maduros para fecundação.
Quando os folículos amadurecem, são coletados por punção folicular e os óvulos posteriormente extraídos em laboratório. Ao mesmo tempo que é realizada a punção folicular o sêmen é coletado. As amostras são então submetidas ao preparo seminal, técnica que utiliza diferentes métodos para capacitar os espermatozoides e selecionar os que possuem melhor movimento (motilidade) e forma (morfologia).
Óvulos e espermatozoides são posteriormente fecundados em laboratório. Atualmente o método utilizado nas principais clínicas de reprodução assistida é a FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo com o auxílio de um micromanipulador de gametas.
Os embriões que resultam desse processo, após serem cultivados por alguns dias em laboratório são transferidos para o útero. Os que não forem utilizados podem ser congelados para o uso no futuro.
A FIV é indicada principalmente para mulheres que pretendem engravidar e têm infertilidade por endometriose nos estágios mais avançados: quando há presença de aderências causando obstruções nas tubas uterinas ou de endometriomas ovarianos.
Com a estimulação ovariana, os problemas de ovulação provocados pelos endometriomas são solucionados, enquanto a fecundação em laboratório e posterior transferência dos embriões para o útero, possibilitam contornar as obstruções tubárias.
O tratamento por FIV com ICSI pode ser repetido em diversos ciclos menstruais, no entanto as chances de a gravidez ocorrer na primeira tentativa são muito altas, pois atualmente a técnica registra um percentual de sucesso de mais de 50% a cada ciclo realizado (variando de acordo com a idade da paciente).
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