A inseminação artificial (IA) é uma das técnicas de reprodução assistida consideradas de baixa complexidade, pois a fecundação acontece dentro do corpo da mulher, nas tubas uterinas, diferentemente do que ocorre na FIV (fertilização in vitro), que a fecundação é feita em laboratório.
Conhecida ainda como inseminação intrauterina (IIU), proporciona a possibilidade de gravidez para alguns perfis específicos de casais ou pessoas. Ela pode ser indicada para:
No caso da cervicite crônica, que torna o muco cervical hostil à sobrevivência dos espermatozoides, a IIU facilita o transporte dos espermatozoides até o óvulo durante o período fértil.
Porém, é mais adequada para mulheres com até 35 anos que ainda possuem uma boa reserva ovariana, uma vez que a fertilidade feminina sofre um declínio natural com o envelhecimento. Por prever a fecundação de forma natural, as tubas uterinas também devem estar saudáveis.
Com a ampliação das regras do Conselho Federal de Medicina (CFM), como outras técnicas de reprodução assistida, desde 2013 pode ser utilizada por casais homoafetivos femininos e pessoas solteiras que desejam engravidar, ainda que não tenham problemas de fertilidade.
Este texto explica o funcionamento da inseminação artificial, destacando os possíveis riscos relacionados à realização do procedimento.
Antes do início do tratamento, as mulheres realizam o teste de reserva ovariana para avaliar a quantidade e potencial de qualidade dos gametas femininos, assim como exames de imagem para analisar as tubas uterinas e útero. Os resultados orientam a conduta. Todos os tratamentos de reprodução assistida são individualizados. Não há uma conduta de rotina porque cada casal apresenta características únicas, que devem ser analisadas para que o melhor tratamento seja indicado.
A capacidade dos gametas masculinos também deve ser investigada pelo espermograma. O exame proporciona a definição de critérios como concentração, morfologia e motilidade dos espermatozoides.
Ter um exame detalhado e confiável é fundamental para indicação precisa dessa técnica. Se for possível ter um complemento denominado capacitação seminal (ou preparo seminal prognóstico), isso pode auxiliar no prognóstico de sucesso da inseminação.
Depois de toda a investigação da infertilidade e da análise do casal, caso conclua-se que a melhor conduta é a IA, tem início o tratamento, cuja primeira etapa é a estimulação ovariana, cujo protocolo tem o objetivo de aumentar a oferta de óvulos, estimulando o crescimento de até três folículos para evitar gestações múltiplas.
O procedimento é realizado com a utilização de medicamentos hormonais e inicia nos primeiros dias do ciclo menstrual.
Para acompanhar o desenvolvimento dos folículos, são realizados periodicamente exames de ultrassonografia – a cada dois ou três dias, a partir da menstruação – até que eles atinjam o tamanho ideal.
Quando os folículos atingem de 18 a 20 mm de diâmetro médio, são administrados outros medicamentos hormonais com a finalidade de induzir a maturação final e o rompimento desses folículos, processo denominado ovulação (período fértil), que ocorre entre 36 e 40 horas depois.
Uma vez que os espermatozoides não sobrevivem muito tempo fora do corpo da mulher e para evitar a necessidade de congelamento de gametas, que implicaria custo adicional, eles são idealmente coletados na própria clínica no dia da ovulação e capacitados em laboratório.
A inseminação é realizada no período mais fértil da mulher: os melhores espermatozoides são inseridos em um cateter e depositados diretamente no útero, por isso a técnica é também conhecida como inseminação intrauterina.
Cerca de duas semanas depois é feito o teste de gravidez, que avalia os níveis do Beta-hCG no sangue da paciente.
A inseminação artificial pode ser realizada por até 3 ciclos de tratamento. Se não houver sucesso, indica-se a FIV. Em casos bem indicados, as chances de gravidez são de cerca de 20 a 25% por ciclo.
Pessoas solteiras e casais homoafetivos que pretendem utilizar a técnica podem selecionar os doadores de espermatozoides na própria clínica de reprodução assistida, de acordo com suas características biológicas. No entanto, a identidade de ambos deve permanecer sob sigilo. O CFM também determina outras regras específicas para a reprodução assistida.
Raramente a inseminação artificial provoca complicações. As mais comuns estão associadas ao processo de inseminação, como infecção e sangramento leve, desencadeados pela inserção do cateter. No entanto, são problemas incomuns, facilmente resolvidos e que raramente interferem no desenvolvimento da gravidez.
Alguns riscos podem surgir como consequência do uso de medicamentos hormonais. A ocorrência de gestação múltipla, por exemplo, está entre eles e deve ser evitada sempre, uma vez que apresenta maiores riscos.
Também existe o risco raro da hiperestimulação ovariana, em que os ovários continuam estimulados mesmo após a parada da medicação utilizada na estimulação ovariana. Atualmente, no entanto, é facilmente tratada.
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