Engravidar com miomas é possível?

A saúde do útero é fundamental para a saúde reprodutiva da mulher. Por ter a função de abrigar o embrião até o nascimento do bebê, ele é um órgão oco, e é na sua cavidade que o feto se desenvolve.

Para que isso seja possível, a cavidade uterina é revestida por uma camada mucosa, chamada de endométrio. É nela que o embrião se fixa após a fecundação do óvulo pelo espermatozoide, para iniciar a gravidez.

O endométrio, no entanto, é somente uma das três camadas que formam a parede uterina. A mais externa é o perimétrio (ou serosa), composto por tecido conjuntivo. Já a camada intermediária, chamada de miométrio, é formada por tecido muscular liso, o que dá a elasticidade necessária para que o útero se expanda durante a gestação, ao longo do crescimento do feto e por ser um músculo contrairá durante o parto.

Doenças que prejudiquem de alguma forma o útero, sobretudo a cavidade uterina, podem prejudicar a implantação embrionária ou o próprio desenvolvimento do feto, causando infertilidade ou complicações durante a gravidez. Neste artigo, falamos sobre uma dessas doenças, os miomas uterinos. Continue a leitura para saber mais.

O que são miomas?

Os miomas são tumores benignos que se formam a partir do tecido muscular do miométrio. Portanto, eles se originam na camada intermediária da parede uterina e, dali, podem se desenvolver para dentro ou para fora do útero, ou seja, invadir a cavidade uterina ou se projetar em direção ao perimétrio. Os tipos de miomas uterinos são:

• Intramurais: com a maior parte ou todo ele dentro do miométrio;
• Subserosos: mais da metade do mioma está no perimétrio;
• Submucosos: invadem a cavidade uterina;
• Intracavitários: miomas totalmente projetados em direção ao interior do útero – uma variante dos submucosos;
• Pediculados: formações ligadas ao útero por um pedículo (haste) – trata-se de um tipo específico de mioma submucoso.

Cerca de 75% das mulheres com miomas não têm sintomas. Porém as demais podem apresentar sangramento uterino anormal, cólicas no período pré-menstrual e menstrual, dores abdominais e sintomas urinários e intestinais.

Além disso, mulheres com a doença podem ter dificuldade para engravidar. Estima-se que os miomas uterinos estejam ligados a até 10% dos casos de infertilidade feminina.

A origem dos miomas é incerta, porém sabe-se que eles são tumores estrogênio-dependentes, por isso tendem a diminuir após a menopausa. A doença também é mais comum em mulheres negras, obesas, hipertensas, com histórico familiar de miomas, bem como aquelas que tiveram a primeira menstruação mais cedo e as que engravidaram mais tarde.

Como os miomas causam infertilidade?

A presença de infertilidade, de maneira geral, está relacionada ao tipo, localização e tamanho dos miomas. Os miomas submucosos e intracavitários, que estão projetados para dentro do útero, podem causar alterações na cavidade uterina e no endométrio, sendo assim os tipos que mais comumente levam à infertilidade.

Esses tumores podem causar deformações na cavidade uterina, que dificultam o transporte dos espermatozoides. Já as alterações provocadas no endométrio e a formação de coágulos tendem a prejudicar a implantação embrionária, ou seja, mesmo que ocorra a fecundação, o embrião não consegue se fixar na parede uterina, inviabilizando a gravidez.

Especula-se que miomas intramurais, principalmente os de maiores dimensões, também possam dificultar a implantação por modificar a vascularização e até promover aumento de fatores de inflamação do endométrio, mesmo que não estejam distorcendo esta cavidade.

Como tratar os miomas?

Nem sempre os miomas uterinos requerem tratamento. Quando eles não causam sintomas nem infertilidade, basta fazer um acompanhamento periódico com o ginecologista. Se houver sintomas e/ou infertilidade, os miomas podem ser extraídos por meio de cirurgia.

Aproximadamente 50% das mulheres conseguem engravidar espontaneamente após esse procedimento. É importante ressaltar, porém, que a remoção dos tumores existentes não impede que novos miomas surjam posteriormente.

Para controlar os sintomas provocados pela doença, como dores e sangramentos, existe também a possibilidade de tratamento hormonal. No entanto, a redução dos miomas e diminuição dos sintomas ocorre apenas enquanto a mulher toma os medicamentos e, em geral, estes medicamentos não permitem que as pacientes consigam engravidar durante o uso por exercerem efeitos anticoncepcionais.

Outra possibilidade, que, no entanto, é válida somente para mulheres que não querem engravidar, é a histerectomia (cirurgia de remoção do útero).

Técnicas de reprodução assistida podem ajudar mulheres com miomas?

Quando a paciente ainda deseja ter filhos e não teve sucesso mesmo após a miomectomia, pode recorrer a técnicas de reprodução assistida. A principal delas é a fertilização in vitro (FIV), na qual a mulher primeiro passa por um tratamento de estimulação ovariana e indução da ovulação, com o uso de hormônios injetáveis.

Depois dessa etapa, os óvulos e espermatozoides do casal são coletados para fertilização em laboratório. Os embriões que foram formados nessa fase ficam alguns dias em cultivo in vitro, para então serem transferidos para o útero da mulher.

Para essa etapa do tratamento – chamada de transferência embrionária – é fundamental que a cavidade uterina esteja em suas melhores condições, com o objetivo de favorecer a implantação do embrião.

Por isso, é fundamental que a mulher realize a miomectomia antes de iniciar a FIV, garantindo que não haja deformidades, coágulos ou outras alterações que possam ser causadas pelos miomas.

Os miomas uterinos, portanto, nem sempre causam infertilidade. Quando isso acontece, é possível tratar a doença e, caso necessário, utilizar técnicas de reprodução assistida. Para saber mais sobre miomas uterinos, toque aqui.