Ao contrário dos homens, a fertilidade feminina se manifesta de forma cíclica. Todas as células reprodutivas com as quais as mulheres poderão contar ao longo da sua vida fértil estão contidas nos ovários antes mesmo do nascimento.
A partir da puberdade, algumas mudanças na secreção dos hormônios hipotálamo-hipofisários, relacionados com a função reprodutiva, disparam o recrutamento e amadurecimento folicular em ciclos de aproximadamente 28 dias.
É claro que existem variações na duração desses ciclo, dentro de um espectro normal, porém alterações muito sensíveis podem indicar problemas de saúde que afetam a fertilidade feminina.
Popularmente esses ciclos são chamados de ciclos menstruais, no entanto a menstruação não é o único evento importante para a compreensão do ciclo reprodutivo feminino.
Outros acontecimentos relevantes também compõem o ciclo reprodutivo, como a ovulação, o espessamento do endométrio e a secreção de hormônios que visam garantir que uma eventual gestação aconteça com segurança.
O objetivo deste texto é aprofundar a compreensão do que é o ciclo menstrual e quais mudanças no corpo das mulheres ele provoca. Aproveite!
O ciclo menstrual, ou ciclo reprodutivo, é um processo contínuo onde oscilações dos hormônios sexuais coordenam uma diversidade de eventos cujo objetivo é criar condições para que ocorra a fecundação.
É comum marcar o primeiro dia do ciclo menstrual com a chegada do sangue uterino, porém as diferentes etapas do ciclo reprodutivo são sequenciais e ininterruptas, fazendo dessa marcação apenas uma convenção para facilitar o cálculo do período fértil.
O ciclo reprodutivo pode ser compreendido do ponto de vista uterino e ovariano, com divisões e fases distintas, mas que estão diretamente ligadas.
O ciclo ovariano se divide em três fases, sendo a primeira a fase folicular, que ocorre entre o momento da menstruação e a ovulação e é quando os folículos ovarianos são recrutados e amadurecem.
A ovulação é a segunda fase, marcada pela liberação do óvulo para as tubas uterinas, e a fase luteínica é a última etapa, quando o óvulo pode ser fecundado e o corpo lúteo produz progesterona para garantir o sucesso da gestação nos primeiros 3 meses.
O ciclo uterino também é dividido em três fases, porém os critérios para essa divisão estão relacionados com o espessamento do endométrio e sua descamação. A menstruação é a primeira fase desse ciclo.
A segunda fase é a proliferativa, que começa com o fim da menstruação e acaba na ovulação, e a terceira etapa é a fase secretora, onde o endométrio sofre ação da progesterona e as veias se espessam – se preparando para que o embrião se implante. Caso não ocorra a implantação, o endométrio irá descamar, resultando na próxima menstruação.
Nas mulheres férteis, o padrão cíclico das funções reprodutivas está relacionado à secreção hipotalâmica de GnRH e a secreção hipofisária de gonadotrofinas (FSH e LH), que passam a ocorrer de forma pulsátil a partir da puberdade.
É claro que o tempo exato de duração desses ciclos varia de mulher para mulher, mas em média podemos dizer que cada ciclo tenha uma duração de 28 dias, sendo o primeiro dia aquele em que o sangue da menstruação aparece.
No início do ciclo, logo após a menstruação, a hipófise produz quantidades pequenas de FSH e LH, estimulada pelo GnRH do hipotálamo, sendo a produção de FSH nesse primeiro momento, ligeiramente aumentada em relação à de LH.
Quando atingem os ovários, podemos dizer em linhas gerais que o FSH estimula a produção de estrogênios e os LH, a de androgênios.
Além disso, o FSH dispara o recrutamento de folículos para a ovulação e estimula tanto o desenvolvimento folicular, quanto o amadurecimento do óvulo.
O padrão de secreção pulsátil do GnRH faz com que se formem picos de concentração quase simultâneos dessas gonadotrofinas, e a ovulação é desencadeada basicamente por esses picos.
Durante os primeiros dias após o fim da menstruação, o endométrio, camada que reveste internamente a cavidade uterina, passa a cicatrizar os tecidos que descamam durante o sangramento menstrual, na chamada fase proliferativa – neste período o endométrio irá espessar até o momento da ovulação.
Após a ovulação, o folículo dominante roto passa a ser chamado corpo lúteo e assume a produção de progesterona, cuja função é manter os primeiros três meses da gestação, inibindo a produção de GnRH e gonadotrofinas e, consequentemente, a menstruação e novas ovulações. O endométrio se estabilizará pelo efeito da progesterona e se tornará receptivo ao embrião.
Quando a fecundação não acontece, o óvulo é reabsorvido pelas tubas uterinas e os níveis de estrogênios e progesterona vão baixando na medida em que o corpo lúteo regride. Essa queda dispara a descamação uterina, que leva a uma nova menstruação.
Nesse momento, a produção de GnRH é retomada, em resposta à diminuição de estrogênios e progesterona, dando início a um novo ciclo reprodutivo.
O período fértil é compreendido pela ovulação e os três dias que a antecedem e cerca de 24 a 36 horas que se passam após esse evento.
Em ciclos de 28 dias, a ovulação ocorre aproximadamente no 14º dia após a menstruação, o período fértil gira em torno desse período. Em ciclos com diferentes durações devemos calcular o dia mais fértil baseado na seguinte conta: duração média do ciclo menstrual menos 14 dias (exemplo: ciclo de 33 dias -> 33 – 14 -> dia fértil será no 19° dia do ciclo e, portanto, o período fértil compreenderá o intervalo entre o 16° e o 21° dia do ciclo).
A ovulação pode desencadear algumas sensações físicas como cólicas, mamas inchadas e dolorosas, e em algumas mulheres mudanças de humor e disposição, causadas pelos picos hormonais.
Também pode ser relevante observar alterações no muco cervical, que podem indicar a ocorrência do período ovulatório ou fértil.
Infertilidade é definida pela Organização Mundial da Saúde como a inabilidade de um casal sexualmente ativo, sem a utilização de métodos contraceptivos, de estabelecer gravidez dentro de um ano.
Estima-se que 15% da população mundial encontre problemas desse tipo ao longo da sua vida fértil. Dessa forma, aproximadamente 85% dos casais conseguem engravidar em 12 meses de tentativas, sem uso de contraceptivos.
Para os casais que não conseguem engravidar, mesmo após eventuais tratamentos para as causas da infertilidade, técnicas em reprodução assistida, como a RSP (relação sexual programada) ou a FIV (fertilização in vitro), podem ser ferramentas bastantes efetivas.
Saiba melhor como calcular seu período fértil acessando nosso link.
Deixe o seu comentário: