Até bem pouco tempo, os problemas de infertilidade de um casal eram atribuídos apenas às mulheres. No entanto, atualmente é consenso na literatura médica especializada que eles podem ser igualmente provocados por fatores femininos ou masculinos.
Para entender o que pode causar alterações na fertilidade dos homens é importante saber mais sobre o funcionamento do aparelho reprodutor masculino.
A produção de espermatozoides, por exemplo, acontece nos túbulos seminíferos, estruturas localizadas nos testículos, as glândulas sexuais masculinas. O processo é conhecido como espermatogênese e origina os gametas masculinos, formados por cabeça, peça intermediária e cauda.
A testosterona, principal hormônio masculino, também é produzida nos testículos e tem um papel fundamental na espermatogênese. Além disso, os hormônios, folículo-estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH), agem, ainda, regulando toda a sua atividade.
Depois de formados, os espermatozoides são armazenados nos epidídimos, ductos situados na parte posterior de cada testículo, até amadurecerem, quando são transportados para os ductos deferentes, que se unem ao canal da glândula seminal e formam um tubo único, os ductos ejaculatórios, responsáveis por lançar os gametas à uretra para serem ejaculados.
No caminho eles recebem líquidos que formam o sêmen, produzidos pelas glândulas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais.
Continue a leitura para entender as alterações que podem ocorrer durante esse processo levando à infertilidade masculina, e conhecer os sintomas que alertam para o problema.
Infertilidade masculina é o termo utilizado para indicar a incapacidade de um homem engravidar a parceira. No entanto, para ser diagnosticado como infértil é preciso pelo menos um ano de tentativas sem a utilização de preservativos ou qualquer outro método anticoncepcional. Na maioria dos casos a infertilidade é inclusive descoberta exatamente pela falta de sucesso, pois nem sempre manifesta sintomas.
Mesmo sendo muitas vezes assintomática, algumas condições que provocam o problema manifestam sintomas e alertam para ele, como por exemplo os processos infecciosos e inflamatórios que afetam o sistema reprodutor masculino, incluindo a orquite, dos testículos, ou a epididimite, do epidídimo.
As inflamações, podem provocar o desenvolvimento de aderências, que resultam em obstruções impedindo o transporte dos espermatozoides, ou em alterações nos níveis dos hormônios sexuais e na qualidade dos espermatozoides.
Uma das causas mais comuns de infertilidade masculina, a varicocele, condição em que ocorre a formação de varizes no cordão espermático, interfere na temperatura testicular, importante para produção dos gametas e geralmente resulta em assimetria testicular.
Algumas condições também podem influenciar a produção dos hormônios sexuais e, consequentemente, a gametogênese, incluindo lesões e traumas testiculares, tumores que crescem na região e doenças como diabetes ou caxumba.
Os processos inflamatórios, o desequilíbrio hormonal ou ainda problemas na função sexual, podem manifestar diferentes sintomas. A atenção a eles é fundamental para o diagnóstico e tratamento precoces, garantindo, assim, maiores chances de a fertilidade ser restaurada.
Os principais sintomas relacionados aos processos inflamatórios são o inchaço de um ou ambos os testículos, dor testicular, que pode ser moderada ou mais severa e sensibilidade por vários dias. Secreção peniana, dor durante a ejaculação e o sexo, dor e nódulos na virilha também são sintomas comuns.
O desequilíbrio hormonal, por outro lado, é sinalizado por alterações na imagem corporal, como a diminuição de pelos faciais e no corpo, perda de massa muscular, ou quando há crescimento das mamas, condição chamada ginecomastia. Mudanças no sono e na percepção olfativa tendem ainda a ocorrer, assim como a diminuição do desejo sexual.
Já os problemas na função sexual podem dificultar ou impedir a fecundação, incluindo:
O diagnóstico inicia com o exame físico que possibilita a detecção de alterações como assimetria nos testículos, secreção peniana, inchaço da próstata e varizes características de varicocele, por exemplo. Para confirmar a suspeita, são solicitados diferentes exames laboratoriais e de imagem. Entre os mais comuns estão:
A infertilidade masculina tem tratamento na maioria dos casos. Os resultados diagnósticos orientam a abordagem mais adequada para cada paciente. Entre as opções estão os realizados pela reprodução assistida, consideradas padrão para os problemas de fertilidade, masculinos e femininos.
O tratamento pode ser realizado por duas técnicas, inseminação intrauterina (IIU), conhecida ainda como IA (inseminação artificial), ou FIV (fertilização in vitro) com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (FIV com ICSI). Veja abaixo o funcionamento e indicação de cada uma:
É uma técnica considerada de baixa complexidade, pois prevê a fecundação de forma natural, nas tubas uterinas. Indicada quando há pequenas alterações no movimento e na forma dos espermatozoides, ou para os problemas na função sexual.
Na IA os melhores espermatozoides são selecionados por diferentes técnicas de preparo seminal e os mais capacitados posteriormente inseridos em um cateter e depositados no útero durante o período fértil da mulher.
A FIV com ICSI é indicada para os fatores de infertilidade mais graves. O tratamento desses fatores, inclusive, só se tornou possível a partir da introdução da injeção intracitoplasmática na década de 1990.
A técnica também prevê a seleção dos melhores espermatozoides pelo preparo seminal, da mesma forma que possibilita a recuperação deles diretamente do epidídimo ou dos testículos quando estão ausentes no sêmen, condição chamada azoospermia, também uma causa bastante comum de infertilidade masculina.
Durante o processo de fecundação cada espermatozoide é ainda individualmente avaliado em movimento. Os de maior potencial fértil são injetados diretamente no óvulo, aumentando, dessa forma, as chances de fecundação.
É possível obter a gravidez pelas duas técnicas. Quando isso não acontece, a FIV oferece ainda a possibilidade de o tratamento ser realizados pela doação de espermatozoides: a doação de gametas (óvulos e espermatozoides) e embriões é uma das técnicas complementares ao procedimento.
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