A gravidez é um processo bastante complexo, mesmo antes de se iniciar. Para que ela possa ter início, diversos processos acontecem no corpo da mulher e do homem, possibilitando a formação e desenvolvimento do bebê.
Gerar uma nova vida vai muito além da fecundação, quando o óvulo e o espermatozoide se encontram e formam um embrião. Um dos processos mais importantes para que uma gestação possa acontecer é a receptividade endometrial. Para isso, o organismo da mulher trabalha a cada ciclo menstrual para se preparar para receber um possível embrião.
Se não há uma boa receptividade endometrial, acontece o que chamamos de falha de implantação. Para entender melhor como isso funciona, continue lendo este conteúdo:
Antes de falar sobre receptividade endometrial, é importante entender o que é o endométrio e como funciona o ciclo menstrual. O endométrio é um tecido que reveste a parede interna do útero. É ali onde o embrião recém-fecundado se fixa para que seu desenvolvimento possa se iniciar. Para que isso possa acontecer, o endométrio precisa estar preparado para a implantação.
Durante o ciclo menstrual, o corpo da mulher passa por várias transformações causadas pelas alterações hormonais. O ciclo se inicia no primeiro dia da menstruação e dura até o último dia antes da menstruação seguinte.
No início, o corpo produz hormônio folículo-estimulante para o desenvolvimento dos óvulos. Aproximadamente na metade do ciclo acontece a ovulação, quando um óvulo maduro e pronto para a fecundação é liberado pelos ovários e segue para as tubas uterinas.
Logo após a ovulação, se inicia a fase lútea, quando há um aumento na dosagem de progesterona no organismo feminino. A progesterona é o hormônio responsável por preparar o endométrio e torná-lo mais receptivo. Isso acontece para que o tecido esteja pronto para receber um possível embrião.
Se a fecundação acontece, o embrião segue até a cavidade uterina e se fixa no endométrio, dando início à gestação. Esse processo é chamado de implantação embrionária, ou nidação. O embrião se desenvolve ali até que sua placenta seja formada.
Se não há fecundação, o endométrio se descama para voltar à sua espessura normal, a mulher menstrua e um novo ciclo se inicia.
A receptividade endometrial representa a capacidade do endométrio de receber o embrião, quando sua espessura e glândulas estiverem adequadas. O período de maior receptividade é chamado de janela de implantação.
A gestação só se inicia se o embrião fecundado consegue se implantar no endométrio, e isso só pode acontecer durante a janela de implantação, ou seja, quando o tecido está mais espesso e com uma boa receptividade.
Se a mulher passa por problemas hormonais, ou por outros motivos o endométrio não está receptivo no momento em que o embrião tenta se fixar, acontece a falha de implantação e a gestação não é iniciada.
A falha de implantação é uma causa comum da infertilidade feminina. Mesmo que a fecundação aconteça, que os gametas estejam saudáveis e que o embrião consiga chegar até o útero, é fundamental que haja a receptividade endometrial para que a mulher possa engravidar.
A receptividade endometrial é necessária não só na gestação natural, mas também quando a paciente passa por um tratamento de reprodução assistida. Na relação sexual programada (RSP), na inseminação intrauterina (IIU) e até mesmo na fertilização in vitro (FIV), a fixação do embrião no endométrio acontece de forma natural, sem qualquer interferência médica.
Por isso, mesmo nas tentativas assistidas, o endométrio precisa estar receptivo para que o procedimento tenha um resultado positivo.
Na reprodução assistida, alguns tratamentos hormonais são necessários para que as técnicas possam ser realizadas. A estimulação ovariana, por exemplo, é realizada em todos os procedimentos. Porém, principalmente na FIV, quando em alguns casos há uma dosagem hormonal excessiva, a estimulação pode prejudicar a receptividade endometrial.
Na FIV, antes de fazer a transferência dos embriões para o útero, é possível fazer o teste de receptividade endometrial (ERA). Dessa forma, o médico consegue prever o momento ideal para a transferência, aumentando as chances de sucesso da técnica. É importante entender que esta é uma técnica complementar que deve ser utilizada para casos específicos.
Quando não é possível transferir os embriões no primeiro ciclo, há a indicação da técnica freeze-all, que consiste em congelar todo o material obtido na FIV. Dessa forma, os primeiros embriões são transferidos no ciclo seguinte, no momento mais propício.
Se necessário, é possível realizar o preparo endometrial na reprodução assistida, com o uso de medicamentos hormonais que vão estimular o endométrio com o objetivo de torná-lo receptivo.
Para mais informações sobre o assunto, leia também o artigo sugerido sobre a fertilização in vitro.
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