Uretrite: saiba identificar os sintomas

Em homens e mulheres, o sistema urinário compartilha com o sistema reprodutivo, desde a embriogênese, uma estrutura muito importante para ambos: a uretra.

A uretra é o canal que conduz a urina da bexiga, onde é armazenada após a filtragem feita pelos rins, para fora do corpo.

Nos homens, a uretra é também o canal condutor do sêmen, produzido pelos testículos e glândulas anexas, acompanhando o corpo do pênis e desembocando no meato urinário. No corpo das mulheres, a uretra compartilha parte da vagina com o sistema reprodutivo, porém de forma mais independente.

Todas as áreas do corpo que fazem comunicação com o ambiente externo, como a pele, as mucosas bucais, e, entre outras estruturas, a uretra, o ânus e os órgãos sexuais, são mais suscetíveis à contaminação por agentes infecciosos e, no caso da relação entre a uretra e o sistema reprodutivo de homens e mulheres, essa possibilidade é ainda mais alta.

A uretrite é a inflamação da uretra e pode ser causada por agentes biológicos, como as ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), traumas mecânicos e contato com substâncias químicas agressivas, como espermicidas.

É comum que alguns tipos de uretrite sejam assintomáticos e seu diagnóstico só seja feito a partir da manifestação da infertilidade, que leva homens e mulheres a buscar atendimento médico.

No entanto, alguns sintomas mais gerais podem ser indicativos de diversos tipos de uretrite, como dor durante a relação sexual, disúria, presença de secreção com odor fétido e coceira.

Este texto tem como objetivo auxiliar homens e mulheres a identificar os principais sintomas da uretrite para que possam buscar atendimento médico precocemente e evitar prejuízos para a fertilidade.

O que é uretrite?

Uretrite é o nome dado a qualquer processo inflamatório que acomete a uretra, em ambos os sexos, e as causas da uretrite podem ser bacterianas, por trauma mecânico ou pelo contato com determinadas substâncias químicas.

Quando a integridade de qualquer tecido do corpo humano é danificada, o sistema imunológico dispara uma série de reações bioquímicas, envolvendo especialmente as prostaglandinas, com o objetivo de sinalizar os danos causados a esse tecido e conter as suas consequências.

Assim, o local acometido pelo dano apresenta aumento da vascularização, gerando inchaço, dor e hipersensibilidade ao toque.

No caso das uretrites, o tecido danificado é o revestimento interno da uretra, e os diferentes agentes etiológicos que podem causar as uretrites produzem sintomas também específicos.

Uretrite bacteriana

A maior parte dos casos de uretrite é devido à infecção bacteriana, causada principalmente pelas espécies Neisseria gonorrhoeae, que causa gonorreia, Chlamydia trachomatis, que causa clamídia, e pelos diversos tipos de Escherichia coli, que habitam naturalmente a flora intestinal.

As uretrites causadas pela gonorreia e a clamídia são transmitidas majoritariamente pelo contato sexual desprotegido, e aquelas em que a E. coli é o agente etiológico, pela proximidade com o sistema excretor e hábitos inadequados de higiene.

Uretrite traumática

A inflamação da uretra pode também ser causada por danos traumáticos, normalmente como consequência de procedimentos cirúrgicos ou da entrada de corpos estranhos na uretra, como grãos de areia, por exemplo.

Uretrite química

A uretrite causada por danos químicos costuma ser resultado do uso de espermicidas mais agressivos como método contraceptivo, sem o acompanhamento da camisinha – ou por reações alérgicas ao preservativo de barreira e seus lubrificantes.

Quais os sintomas das uretrites?

Os sintomas das uretrites variam de acordo com o agente etiológico, no entanto em muitos casos a doença pode ser assintomática.

Quando a uretrite é bacteriana, os sintomas são bastante semelhantes entre si: corrimento vaginal com dor no baixo ventre, semelhante às cólicas, nas mulheres, e corrimento no pênis e disúria (dor ao urinar), nos homens. Ambos manifestam dor durante as relações sexuais.

No entanto, mesmo as uretrites bacterianas podem ser assintomáticas, o que facilita a transmissão e pode levar à demora em buscar atendimento médico.

Nas mulheres, o não tratamento das uretrites infecciosas aumenta as chances para gravidez tubária e doença inflamatória pélvica (DIP), que pode acometer o útero e as tubas uterinas resultando, entre outros sintomas, em infertilidade feminina.

Nos homens, as uretrites bacterianas podem afetar a saúde dos espermatozoides, porque o processo inflamatório altera o ambiente interno da uretra, especialmente o pH, danificando essas células, além de impedir sua passagem pela uretra, gerando um quadro de infertilidade masculina.

Nos casos das uretrites causadas por traumas mecânicos e pelo contato com substâncias químicas agressivas, como os espermicidas, os sintomas são bastante semelhantes – inclusive a infertilidade –, porém sem a presença de corrimento fétido.

Independentemente do agente etiológico, as uretrites geram lesões que deixam o tecido de revestimento da uretra mais sensível e suscetível a novas infecções.

Como é feito o diagnóstico?

O exame de urina e urocultura são essenciais para o correto diagnóstico das uretrites, já que são capazes de identificar alterações na urina, como a presença de prostaglandinas, que confirmam a inflamação, e a presença de alguns agentes infecciosos.

Quais tratamentos estão disponíveis para as uretrites?

O tratamento deve ser delineado individualmente, de acordo com o agente etiológico da uretrite.

Quando a inflamação da uretra é leve e não está acompanhada de infecção bacteriana, o uso de anti-inflamatórios via oral pode aliviar os sintomas, diminuindo os incômodos do processo inflamatório.

No caso das ISTs, a terapêutica é feita pela administração de antibióticos específicos para cada bactéria. As testagens devem ser repetidas após o tratamento para confirmar a cura.

No entanto, em alguns casos, mesmo após o tratamento, o quadro de infertilidade pode ser persistente, especialmente quando a extensão das lesões supera a área da uretra e afeta testículos, útero e tubas uterinas, acometendo desde a produção de gametas até a capacidade uterina de manter a gestação.

Para esses casos, técnicas de reprodução assistida como a IA (inseminação artificial) e a FIV (fertilização in vitro) podem ser úteis na busca por uma gestação.

A FIV é o tratamento mais complexo e completo, em que ambos os gametas são coletados e a fecundação acontece em laboratório (in vitro), sendo mais indicada para os casos mais severos de infertilidade ou quando trata-se de infertilidade sem causa aparente (ISCA).

Quer conhecer mais detalhes da uretrite? Toque aqui!