Quando uma menina nasce, ela tem cerca de 2 milhões de oócitos (óvulos em seu estágio inicial). Cada um deles está dentro de um folículo, uma pequena bolsa repleta de líquido. Esse “pool” de óvulos, armazenado nos ovários, que chamamos de reserva ovariana, diminuirá naturalmente ao longo da vida da mulher.
Ao atingir a puberdade, a menina tem a sua primeira menstruação (menarca) e, a partir daí, a cada ciclo menstrual, um único óvulo será liberado para fecundação. Se a fertilização ocorrer, o embrião formado seguirá até o útero para se implantar e iniciar uma gestação. Caso isso não aconteça, a mulher menstrua, iniciando um novo ciclo.
Algumas doenças e distúrbios podem impedir que esse óvulo seja liberado e, quando isso ocorre, chamamos esse fenômeno de anovulação. Uma das principais causas de anovulação é a síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Neste artigo vamos falar sobre essa síndrome e como ela pode ser tratada. Siga lendo para saber mais.
A SOP é uma doença endócrina, que afeta a produção de hormônios pela mulher. Como a ovulação – assim como todos os processos envolvidos no ciclo menstrual – é desencadeada pelo fator hormonal, um dos principais sintomas da síndrome são as menstruações irregulares e a anovulação.
Os critérios para diagnosticar a SOP são definidos por um documento internacional, o Consenso de Rotterdam. De acordo com esse documento, para ser considerada uma paciente com a síndrome, a mulher deve apresentar pelo menos duas das seguintes características:
Na atualidade, existem novas propostas de diagnóstico para a SOP, porém o chamado critério de Rotterdam ainda é considerado o mais abrangente e o mais utilizado.
A rigor, a anovulação é a ausência da ovulação. Quando a liberação do óvulo não ocorre, mesmo que a mulher tenha relações sexuais sem o uso de métodos contraceptivos, os espermatozoides que chegarem às tubas uterinas não encontrarão um óvulo para ser fecundado.
Dessa forma, o casal não conseguirá concretizar uma gravidez, se esse for o seu desejo. Cerca de 75% das mulheres com SOP sofrem de infertilidade, ou seja, não conseguem engravidar depois de um ano ou mais de relações sexuais regulares sem proteção.
Nem sempre é fácil identificar a anovulação, mas alguns sinais de que isso pode estar acontecendo são a ausência da menstruação, períodos menstruais irregulares ou com fluxo mais fraco e a não percepção do muco espesso característico do período fértil.
A SOP pode ser tratada de algumas maneiras. Um dos tratamentos possíveis é o uso de anticoncepcionais orais, que tendem a regular os ciclos menstruais e melhorar o perfil androgênico, diminuindo a acne e a formação de novos pelos. No entanto, evidentemente, essa não é uma opção para as mulheres que desejam engravidar.
Pacientes diagnosticadas com SOP que pretendem ser mães podem procurar um especialista para saber mais sobre reprodução assistida. Existem algumas técnicas desse tipo, de diferentes graus de complexidade, e apenas um médico poderá apontar a mais indicada em cada caso.
Entre as opções possíveis estão a relação sexual programada (RSP) e a fertilização in vitro (FIV). Ambas começam com um tratamento de estimulação ovariana e indução da ovulação, etapas fundamentais para mulheres que sofrem com a anovulação característica da SOP. Nesse momento, a paciente utilizará medicações à base de hormônios, aplicadas diariamente a partir dos primeiros ciclos menstruais.
Esses medicamentos têm por objetivo fazer com que os ovários produzam mais óvulos num mesmo ciclo. Na RSP, esse processo é mais controlado, para que o número máximo de óvulos seja de três, reduzindo o risco de uma gravidez gemelar. Isso porque, após essa etapa, o casal é orientado a ter relações no momento mais propício, e a fecundação ocorre dentro do corpo da mulher.
Já na FIV, é desejável que sejam produzidos mais óvulos, uma vez que eles serão retirados da mulher para fertilização em laboratório, e apenas um número determinado de embriões será colocado no útero da paciente. O total de embriões utilizados por ciclos varia de acordo com a idade da mulher, conforme normas do Conselho Federal de Medicina (CFM).
A RSP, por ser uma técnica mais simples, envolve custos menores e é menos invasiva. No entanto, suas taxas de sucesso tendem a ser menores, e ela normalmente é indicada para mulheres mais jovens (de até 35 anos) e quando não há outros fatores de infertilidade envolvidos, incluindo aqueles relacionados ao homem.
A FIV é uma técnica mais complexa e envolve maiores custos financeiros. Por isso, costuma ser indicada para mulheres mais velhas e quando há outros fatores de infertilidade, bem como quando o casal já tentou a RSP e não teve sucesso.
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