Considerada a causa mais comum de infertilidade masculina, a varicocele é uma condição em que ocorre a dilatação anormal das veias localizadas no cordão espermático, que sustenta os testículos na bolsa escrotal, assim como responde pelo fluxo sanguíneo.
O nome varicocele tem origem grega: varicos, significa varizes e cele, significa bolsa. A doença, popularmente conhecida como varizes do testículo, pode ser causada pela ausência ou funcionamento inadequado das válvulas venosas – estruturas internas das veias que impedem o fluxo sanguíneo reverso – dessa região, por obstrução ou compressão, o que resulta, em ambos os casos na dilatação.
O mecanismo é semelhante ao das varizes que se formam nas pernas, por exemplo.
Continue a leitura até o final para conhecer mais sobre a varicocele e entender como essa doença pode ser diagnosticada.
A varicocele é assintomática na maioria dos casos, principalmente nos estágios iniciais, o que o que dificulta o diagnóstico precoce. A suspeita geralmente surge diante da tentativa malsucedida de engravidar a parceira, o que acontece, principalmente, nos estágios mais avançados da doença.
Além de infertilidade, entretanto, também pode manifestar diferentes tipos de dor, assim como outros sintomas, que alertam apara a necessidade de procurar auxílio médico. Conheça abaixo os mais comuns:
A varicocele, por outro lado, não causa nenhum tipo de interferência na potência sexual.
Os testículos, glândulas sexuais masculinas, são responsáveis pela produção de espermatozoides, que ocorre nos túbulos seminíferos e, pela secreção de testosterona, principal hormônio masculino que atua diretamente nesse processo, conhecido como espermatogênese.
A varicocele tende a provocar alterações na temperatura da bolsa escrotal, que os mantêm em condições ideais para que produção ocorra adequadamente: ela possui uma função termorreguladora, relaxando com o calor para que os testículos se afastem do corpo e, encolhendo com frio, aproximando-os, dessa forma, do corpo, possibilitando o aquecimento.
Isso acontece porque as varizes características de varicocele podem dificultar o retorno venoso, provocando, assim, disfunção testicular e piora da qualidade do sêmen. A estagnação do fluxo sanguíneo propicia, ainda, a obstrução de pequenos vasos, o que tende a alterar a função das células de Leydig, responsáveis pela secreção de testosterona.
Assim, a varicocele interfere, principalmente, no processo de produção dos espermatozoides, resultando em baixa concentração dos gametas ou na ausência deles no sêmen ejaculado, dificultando ou impedindo a fecundação.
O diagnóstico de varicocele é bastante simples e inicia durante o exame físico, quando é possível perceber alterações como assimetria dos testículos, formas irregulares ou a presença de varizes.
Na ocasião é realizada, ainda, a manobra de Valsalva – expiração com o nariz e os lábios tampados –, que evidencia as varizes classificando-as de acordo com o grau de desenvolvimento. A varicocele é classificada em três diferentes graus:
Outros exames também podem ser solicitados para confirmar o diagnóstico. Os mais comuns são o ultrassom com doppler, o doppler estetoscópico e o espermograma.
O tratamento mais adequado para cada paciente é indicado a partir dos resultados diagnósticos.
Homens que não desejam engravidar no momento do diagnóstico ou que possuem varicocele ainda está nos estágios iniciais, sem alterações na fertilidade, devem apenas observar periodicamente a evolução do quadro, já que a doença tende a ser progressiva.
Para aliviar os sintomas, nesse caso, podem ser prescritos medicamentos orais, assim como é indicado o uso de suspensório escrotal durante a prática de exercícios físicos, que tende a piorar a manifestação de dor.
No entanto, a única forma de corrigir definitivamente a varicocele é por meio de cirurgia, abordagem também indicada quando há o desejo de engravidar. Tem como objetivo a oclusão das veias afetadas.
A correção da varicocele é realizada por uma técnica minimamente invasiva, a microcirurgia subinguinal, que pode utilizar um aparelho chamado microdoppler intraoperatório para facilitar a identificação das veias e o processo de oclusão.
Após a cirurgia a fertilidade é restaurada na maioria dos casos, com taxas de gravidez superiores a 70%. Porém, é fundamental olhar para o casal. Taxas altas como essa ocorrem quando estamos diante de uma mulher com boas chances de gravidez natural.
Se a gravidez não acontecer naturalmente, a fertilização in vitro com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), técnica de reprodução assistida indicada para fatores de infertilidade masculinos mais graves, contribui para aumentar as chances.
Na FIV com ICSI, a fecundação acontece em laboratório e os espermatozoides são previamente capacitados por métodos de preparo seminal, proporcionando a seleção dos melhores.
Quando eles não estão presentes nas amostras de sêmen, podem ser recuperados, ainda, diretamente dos testículos, onde são produzidos, ou dos epidídimos, dutos que os armazenam após a produção.
A recuperação dos testículos pode ser feita por duas técnicas, Tese ou Micro-Tese e, dos epidídimos, por PESA ou MESA.
Os espermatozoides recuperados também são submetidos ao preparo seminal. Posteriormente são avaliados novamente, individualmente e em movimento, por um microscópio de alta magnificação. Depois de ter a saúde confirmada o espermatozoide é injetado diretamente no citoplasma do óvulo com o auxílio de um aparelho chamado micromanipulador de gametas.
O procedimento possibilita, assim, mais chances de a fecundação ocorrer: os percentuais de sucesso gestacional registrados pela FIV podem atingir até 60% por ciclo de tratamento.
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